“As doenças neurológicas atingem todas as idades. E o AVC é a segunda doença que mais mata no Brasil”, alerta neurologista da Singular Medicina de Precisão

Dr. Felipe Costa, integrante da Singular Medicina de Precisão
Dr. Felipe Costa, integrante da Singular Medicina de Precisão

Graduado em medicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Dr. Felipe Costa é o novo integrante da equipe da Singular Medicina de Precisão. Felipe tem residência médica em Neurologia pelo Hospital Universitário Prof. Edgar Santos (HUPES/UFBA), Mestrado em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa pela FIOCRUZ. Ele ainda é coordenador da Linha de Cuidado do AVC no Hospital do Subúrbio, professor do curso de Medicina da Universidade Salvador (UNIFACS) e pesquisador do Hospital do Subúrbio, com linha principal em doenças cerebrovasculares.

QUAL É O CENÁRIO DA SAÚDE NEUROLÓGICA NO BRASIL?
As doenças neurológicas atingem todas as idades, de crianças a idosos. Entretanto, os indivíduos mais velhos são mais predispostos ao comprometimento do sistema nervoso, a exemplo dos acidentes vasculares cerebrais (AVC) e demências, como o Alzheimer. Assim, com o envelhecimento progressivo da população brasileira, temos visto crescer o número de doenças neurológicas. Para termos uma ideia do impacto desse grupo de patologias, o AVC é a segunda doença que mais mata no Brasil – e uma das que mais deixam sequelas. Portanto, cuidar da saúde sistêmica e neurológica é um investimento para um envelhecimento com maior qualidade.

QUANDO É QUE UM PACIENTE DEVE PROCURAR UM NEUROLOGISTA?
As pessoas devem procurar um neurologista quando surgem sinais de comprometimento do sistema nervoso. Os principais sintomas são dores de cabeça, tremores, fraquezas, alterações da sensibilidade (como dormências ou “formigamentos”), problemas de memória – dentre outros. Além disso, havendo suspeita de alguma doença específica, o ideal é procurar um neurologista para um diagnóstico adequado, assim como para sanar possíveis dúvidas do estado neurológico.

QUAIS OS PRINCIPAIS PROBLEMAS NEUROLÓGICOS NO BRASIL?
Se considerarmos em prevalência, as dores de cabeça (cefaleias) são as doenças neurológicas mais comuns – como a enxaqueca, por exemplo. Todavia, quando pesamos o impacto e a gravidade, sem dúvida é o AVC, que, muitas vezes, tem um desfecho devastador.

HÁ SINTOMAS DIFERENTES PARA PROBLEMAS DIVERSOS, OU HÁ UM TRAÇO EM COMUM?
As doenças neurológicas apresentam características inespecíficas. Por exemplo, uma fraqueza pode ser apresentada por diversas doenças – o mesmo digo sobre as dores de cabeça, que pode ser decorrente de uma enxaqueca ou de um tumor cerebral. Quando algum paciente queixa-se de sintomas neurológicos, a avaliação por um profissional capacitado é indispensável para um diagnóstico preciso, haja vista o número imenso de doenças que podem se manifestar de formas parecidas. Dessa maneira, precisamos ter cuidado com alguns pensamentos simplistas, por exemplo: “toda dor de cabeça é enxaqueca” ou “toda fraqueza é AVC”. Infelizmente, essas inferências não são verdadeiras – assim como os diagnósticos nem sempre são tão simples, necessitando de um exame físico detalhado e, por vezes, a realização de exames complementares para uma conclusão. Isso é particularmente importante nas doenças familiares, muitas vezes de causas genéticas.

QUAL O PÚBLICO ESTÁ MAIS VULNERÁVEL PARA PROBLEMAS DE SAÚDE NEUROLÓGICA?
Toda a população está sujeita a doenças neurológicas. Os idosos são um grupo particularmente vulnerável, considerando doenças degenerativas, como o Parkinson e o Alzheimer. Porém, apenas para ilustrar, mulheres jovens apresentam maior risco de desenvolverem trombose venosa cerebral, devido a fatores genéticos e ambientais. Mais uma vez, o conhecimento e cuidados com a saúde são a chave para uma melhor qualidade de vida.

COMO A MEDICINA DE PRECISÃO AUXILIA NO RECONHECIMENTO E CUIDADOS COM DOENÇAS NEUROLÓGICAS?
A medicina de precisão vem para preencher muitas lacunas que existem na ciência, principalmente no que tange às doenças genéticas e/ou hereditárias. No momento em que podemos chegar a um diagnóstico com maior certeza, através de exames moleculares, testes genéticos, suprimos o paciente e sua família com mais informações, com aconselhamentos e com tratamentos específicos. Não é incomum que pacientes com doenças raras demorem anos para obterem um diagnóstico; assim, a medicina de precisão surge como um atalho seguro nessa empreitada.