Maio é o mês de conscientização da Apraxia de Fala na Infância. Você sabe o que é?

De acordo com a Associação Americana de Fonoaudiologia – ASHA (American Speech Hearing Assotiation), a Apraxia de Fala na Infância (AFI) é uma dificuldade motora, de causa neurológica, na produção da fala, mas sem estar associado a uma doença muscular, a uma fraqueza. A AFI resulta de um déficit na consistência e precisão dos movimentos necessários à produção da fala, que afeta a habilidade da criança em produzir e sequenciar os sons, e consequentemente produzir a fala compreensível.

Geralmente, são crianças que compreendem bem a linguagem, mas falar é um grande desafio para elas. Há uma discrepância entre a compreensão e a expressão.
A criança tem a ideia do que quer comunicar, mas o cérebro falha ao planejar e programar a sequência de movimentos/gestos motores da mandíbula, dos lábios e da língua para produzir sons para formar as sílabas, as palavras e as frases. A AFI é um distúrbio instável, dinâmico e que pode persistir até a idade adulta.
A AFI pode se manifestar de forma isolada ou como comorbidade associada ao Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e a algumas síndromes, como a Síndrome de Down, Síndrome do X frágil e Síndrome de Prader-Willi.
O diagnóstico é clínico, não existe um exame de imagem para diagnosticar, e pode ser feito a partir dos 3 anos. Considerando que a AFI é um distúrbio que afeta o desenvolvimento da fala e da comunicação, o profissional indicado para dar este diagnóstico é o Fonoaudiólogo. No entanto, deve ser um Fonoaudiólogo que tenha competência e experiência na área, que conheça profundamente o que é Apraxia.

Quando suspeitar?

• Crianças com 2 a 3 anos que não falam, mas compreendem o que lhe falam;
• Crianças que possuem dificuldade na mobilidade dos órgãos fonoarticulatórios;
• Crianças que possuem dificuldades na produção das vogais e tem pequeno repertório de consoantes;
• Crianças que falam, mas com a fala totalmente ininteligível ou difícil de entender;
• Crianças que quando tentam imitar uma determinada palavra, apresentam inconsistências, por ex: ao tentar falar BOLA, pode sair: “óa” “aa”; “tata”; “bo” etc… a cada tentativa ela fala de um jeito diferente;
• A prosódia ou entonação da fala está alterada. Pode ter uma fala “truncada”, pode ser monótona (dificuldade com a entonação). Parece falar sempre no mesmo “tom”;
• Pode ter uma coordenação motora global não muito organizada: são crianças desajeitadas no correr, no pular. A coordenação motora fina também pode estar prejudicada;
• Crianças que não progridem na terapia “fonoaudiológica tradicional”. Existe metodologia específica para tratamento da AFI.

Quando identificar algum desses sinais, procure ou encaminhe para um fonoaudiólogo com experiência em transtornos motores da fala.

Texto de autoria da nossa Fga. Joice Santana que possui formação e experiência em transtornos motores da fala.

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Fontes:
American Speech-Language-Hearing Association, 2007. Childhood apraxia of speech [Technical Report];
www.apraxiabrasil.org