O câncer infantojuvenil é a primeira causa de morte por doença entre crianças e adolescentes no Brasil, corresponde a um grupo de várias doenças que têm em comum a proliferação descontrolada de células anormais e que pode ocorrer em qualquer local do organismo. Diferentemente do câncer do adulto, o câncer infantojuvenil geralmente afeta as células do sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação. Por serem predominantemente de natureza embrionária, tumores na criança e no adolescente são constituídos de células indiferenciadas, o que, geralmente, proporciona melhor resposta aos tratamentos atuais.

Assim como nos países desenvolvidos, no Brasil, o câncer já representa a primeira causa de morte (8% do total) por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos. Hoje câncer pediátrico é a principal causa de óbito, excluindo as causas externas, representando em torno de 8% . O INCA estima uma incidência de casos novos em torno de 12.500 no país.

Bruno Freire é oncopediatra e alerta que o câncer na infância é raro, constitui em torno de 3 a 5% dos casos em geral. Os tumores mais frequentes na infância e na adolescência são as leucemias (que afetam os glóbulos brancos), os que atingem o sistema nervoso central e os linfomas (sistema linfático). “As leucemias são responsáveis por 30% dos casos, seguidas por tumor de Sistema Nervoso Central (tumor cerebral) e os linfomas. Os cânceres na faixa etária pediátrica geralmente são originários de células embrionárias, ou seja, composto de células mais indiferenciadas. Isso geralmente está associado a melhor resposta a tratamento quando comparado ao adulto. Em média temos uma taxa de cura em torno de 70% quando se junta todos os tipos de câncer na faixa etária pediátrica”, alerta o médico. Nas últimas quatro décadas, o progresso no tratamento do câncer na infância e na adolescência foi extremamente significativo.

A maioria dos casos está associado a fatores de desordem genética, não a fatores de risco externos, alerta o médico: “Há casos genéticos de síndromes familiares, e pacientes com alguma síndrome genética têm maior propensão a ter câncer que a população geral uma vez que já há fragilidade cromossômica. A criança não tem tempo de vida suficiente para ser submetido a fatores de riscos externos, como álcool, cigarro, radiação, como vemos em alguns casos associados da doença nos adultos. Alguns vírus podem está associado a surgimento de neoplasias como HPV, HIV, HTLIV, EBV”.

Os sintomas do câncer infantil muitas vezes são parecidos com os de doenças comuns entre as crianças. Por isso, consultas frequentes ao pediatra são fundamentais. São esses profissionais que podem identificar os primeiros sinais de câncer e encaminhar a criança para investigação diagnóstica e tratamento especializado. Bruno alerta que o diagnóstico precoce é a principal medida que impacta na sobrevida do paciente: “Não há técnica de rastreio para identificação de câncer em criança, como no adulto. Hoje a principal medida que impacta na sobrevida chama-se diagnóstico precoce. Uma vez identificado em estado inicial, tem probabilidade maior de responder ao tratamento e com isso aumentar chance de cura. Toda criança merece acompanhamento com pediatra de rotina. Isso pode alertar sobre sinais e sintomas que possa estar associado à doença oncológica. Os sinais e sintomas de câncer na pediatria são bem gerais, e algumas vezes comuns”.

Alguns desses sintomas que podem chamar a atenção dos pais e responsáveis pelas crianças são: febre, mancha roxa pelo corpo, sangramentos, palidez, surgimento de caroços pelo corpo, aumento de volume abdominal, perda de peso, alteração visual, da marcha (forma como a criança anda), dor de cabeça, vômitos. “Esses sintomas podem, dentro de um contexto, estarem associados a alguma doença oncológica, por isso a importância de um profissional que possa reconhecer precocemente e encaminhar para um especialista”, alerta o médico.

Dr Bruno Freire - Oncopediatra
Dr Bruno Freire – Oncopediatra