Chegamos no Agosto Dourado, mês de estímulo ao Aleitamento Materno. Sua prática é extremamente estimulada na Pediatria devido à vasta literatura existente sobre o tema que demonstra os inúmeros benefícios.
A prática do Aleitamento Materno é tão preciosa, que deve ser estimulada logo após o nascimento, na chamada Golden Hour (Hora Dourada). Essa é uma janela de oportunidade em que a mãe e o bebê estão prontos para se conhecerem mais profundamente, de forma que o estabelecimento do aleitamento materno nesse momento tem inúmeros benefícios imediatos tanto para a mãe, quanto para o bebê. É um momento tão ímpar que se o bebê for simplesmente deixado sob o abdome materno ele, reflexamente, “rasteja” até encontrar a mama e inicia a mamada sozinho. Está então, estabelecida a ponte para um melhor vínculo mãe-bebê.
De alto valor nutricional, o leite materno é o alimento vivo. É espécie característica, como o leite de todos os mamíferos, e por isso mesmo, adequado às necessidades de crescimento e desenvolvimento dos nossos pequenos. A composição varia de mãe para mãe, conforme a idade do bebê, conforme a hora do dia, conforme o momento da mama. Se um bebê nasce prematuro, por exemplo, o corpo da mãe compreende isso e determina que a constituição do leite materno seja adequada às demandas dessa fase tão crítica, com ajustes em sua composição. As minúcias da composição do leite materno são em partes conhecidas, mas o preciosismo é tão grande que não se consegue produzir algo idêntico, apesar de todo nosso avanço tecnológico.
Depoimentos de mães que amamentam chegam a nos emocionar quando se referem ao processo como um ato de amor e entrega. E é exatamente isso que acontece. Um processo fusional mãe-bebê é reforçado pelo ato de amamentar e a entrega afetiva se torna muito maior. Algo nessa conexão entre eles (mãe e bebê) torna esse processo tão prazeroso, apesar de muitas vezes enfrentar dificuldades iniciais, que desconheço quem conseguiu realizar uma amamentação bem sucedida que refira que poderia abrir mão dela. Não, não dá!
É sabido os benefícios que o processo do aleitamento materno confere para o adequado desenvolvimento neuropsicomotor do bebê. Do ponto de vista prático, o exercício desempenhado pelo ato de mamar no seio favorece o desenvolvimento das estruturas orofaciais, mas os benefícios vão além. A composição fornece perfil de gorduras e ferro adequados para o desenvolvimento das estruturas cerebrais. E o resultado do melhor alimento (do ponto de vista nutricional) com o melhor estímulo possível (o afeto) resulta em um ótimo crescimento e desenvolvimento global.
Texto elaborado pela Pediatra e Nutróloga Dra Ligiana Leite, com a colaboração da Nutricionista Rejane Viana e da Fisioterapeuta Adriana Faiçal